sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

União diante da pandemia

 

O astronauta enxergou a unidade planetária. Fonte: NASA


Maurício Andrés Ribeiro

Na pandemia observou-se a união de esforços para a produção de uma vacina. Processos que demoravam vários anos foram concluídos em alguns meses. O trabalho cooperativo entre cientistas e pesquisadores de vários países produziu um efeito sinérgico que acelerou os resultados. O instinto de sobrevivência e a  busca da segurança motiva a construção coletiva de respostas.

Quando tem um objetivo comum e desenvolve um projeto coletivo, o ser humano é capaz de realizar tarefas e missões colaborativas que de outra forma seriam impossíveis. Quando identifica um inimigo comum, nesse caso um vírus, a humanidade se une.

Uma meta compartilhada por bilhões de pessoas atrai a adesão e a motivação de muitos cérebros individuais num mesmo rumo. Ter um projeto unificador e mobilizar os recursos para colocá-lo em prática numa obra coletiva é um modo de lidar com a crise sanitária. Grandes projetos comuns ajudaram a trabalhar numa direção convergente e aconteceram em vários momentos na história: na Idade média, as catedrais; na China, a Grande Muralha; no século XVI, as grandes navegações; no século XX, a ida à Lua e a construção de Brasília. Grandes obras comuns envolvem a espécie humana no seu próprio auto interesse de sobrevivência.

Um ponto de partida relevante para trabalhar cooperativamente é conceber a humanidade como uma unidade e valorizar os denominadores comuns que nos unem. Atualmente movimentos identitários enfatizam as diversidades e procuram afirmar a existência e os direitos de grupos oprimidos ou minoritários. É relevante essa afirmação das diversidades, desde que não se perca de vista a existência da unidade, que vai além das diferenças. Para além da biodiversidade e das diversidades sociais e culturais, está a noodiversidade, a variedade de modos  e estágios de consciência. Uma Babel de ideias e de expressões divide e cria divergências, sendo necessário identificar os denominadores comuns que convergem.

O mundo é diverso, mas é uno. O astronauta ao longe percebe essa unidade, que engloba todas as diversidades. Pierre Weil enfatizou essa unidade ao apontar para a fantasia da separatividade, pela qual temos a impressão de sermos partes separadas desse todo, que engloba não apenas a espécie humana, mas todas as espécies vivas. Todas as vidas, humanas e não humanas, importam.

Inventar, produzir e aplicar uma vacina contra o Covid-19 é um exercício de aprendizado. Pode ser um primeiro passo para grandes  projetos colaborativos no século XXI que lidem com outras crises e outras pandemias.

 

 

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