sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Higienização corporal, mental, emocional e ambiental para enfrentar a pandemia

Maurício Andrés Ribeiro

A higienização se faz em várias escalas, do ser humano interior ao indivíduo, da casa ao bairro e à cidade, da região ao país e ao mundo. Figura: Pierre Dansereau

Higienizar é um verbo que se tornou de uso corrente durante a pandemia. Lavar as mãos é uma boa medida para evitar a propagação de várias doenças e da COVID-19.

A pandemia explicitou a desigualdade social, com muita gente sem  ter condições de lavar as mãos por falta de saneamento. Bilhões de pessoas no mundo e 40 milhões no Brasil não dispõem de acesso a água em suas casas. Os pobres são os mais duramente afetados pela doença. A doença se espalhou com intensidade nas áreas com maior densidade de ocupação do solo e de população.

Além da água e sabão, o uso do álcool gel, o distanciamento e uso de máscaras são medidas de higiene corpora.  Nas escolas de arquitetura ensina-se a importância da ventilação natural ao invés do ar condicionado, e da insolação natural para matar as bactérias. A falta de condições mínimas de distanciamento físico, de higiene e ventilação adequada nas moradias em favelas e comunidades densas e em cidades compactas  induz às doenças do adensamento, como tuberculose e pneumonia. No início do  século XX os urbanistas higienistas as combatiam por meio da renovação urbana e derrubada de edificações insalubres. A pandemia do século XXI reacendeu a consciência sobre a importância do  saneamento básico. Um ambiente doméstico insalubre adoece as pessoas que nele vivem.

Na pandemia  evidenciou-se a questão da saúde no urbanismo bem como a relação  entre saúde, água e saneamento.  Constatou-se a presença de coronavirus nos esgotos. Uma das principais estratégias para evitar que as epidemias tenham um  alto custo em doentes e mortos é prover água e coleta de esgoto onde as pessoas moram. Investir no saneamento ambiental reduz a sobrecarga sobre os postos de saúde e hospitais.

A drenagem é um tema do saneamento básico que se relaciona com a forma como se usa o espaço. Manter áreas permeáveis para infiltrar água de chuva reduz riscos de enchentes. A proteção dos mananciais de abastecimento de água envolve a reposição de matas ciliares, a eliminação de atividades poluidoras e o controle dos agrotóxicos. Investir em infraestrutura é necessário  para reduzir os riscos  associados com a pandemia e com eventos críticos,  tais como enchentes e inundações. Universalizar o saneamento básico é prioridade para evitar os custos sociais e humanos de uma pandemia. É uma prioridade necessária, porém insuficiente. O saneamento ambiental vai mais além e inclui a despoluição do ar, da água e dos solos e a proteção da vegetação.

O controle de zoonoses relacionado com  animais como ratos, morcegos e outros  animais transmissores de zoonoses,  capivaras, escorpiões, é parte do saneamento ambiental urbanoDurante as quarentenas eles passaram  a ser mais vistos nas cidades, em busca de alimentos. A urbanização em áreas de grande biodiversidade criou condições para doenças de origem nos animais silvestres e domésticos se espalharem e facilitou o transbordamento zoonótico de vírus dos animais para os humanos.

A higienização, a limpeza e o saneamento ambiental são básicos para se enfrentar  as crises sanitárias tanto no âmbito pessoal, como nas habitações. A higienização ambiental mais ampla inclui nova forma de relação dos seres humanos com os animais silvestres e com os animais de produção.

Além  desses aspectos ligadas à higiene corporal e ambiental deve-se prestar atenção à higiene mental e emocional. Manter a paz mental, reduzir a raiva, o medo e a ansiedade é necessário para se lidar com situações externas turbulentas como uma pandemia.

 

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