quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

A EXAUSTÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

 

Em muitos países, o bombeamento de águas subterrâneas como se fossem inesgotáveis levou ao rebaixamento de lençóis freáticos e à exaustão de poços.  Milhões de pessoas no mundo estão sujeitas aos riscos de ficarem sem ela. A superexploração das águas subterrâneas causa tragédias sociais e o colapso econômico das atividades que delas dependem. Aquíferos que não têm sustentabilidade se esgotam, como no  Saara e em partes do  Aquífero Guarani. Dramas são vividos nas regiões que administram mal sua água subterrânea. Há também impactos globais da exploração de águas subterrâneas, a exemplo da mudança no eixo de rotação da Terra, devido ao deslocamento de peso de uma região para outra. Ver Como a enorme extração de água subterrânea está deslocando o eixo da Terra - BBC News Brasil

O Aquífero Guarani


Em muitas partes acontece a exaustão, a depleção e secagem de aquíferos não renováveis devido à sobre-exploração.  Quando as águas subterrâneas são bombeadas sem controle, produz-se a seca subterrânea e o esvaziamento das reservas. Várias bacias brasileiras passam por esse processo, que tende a se agravar na medida em que  aumentam os volumes extraídos do subsolo, especialmente para a irrigação praticada pelo hidronegócio e para o abastecimento urbano. No oeste da Bahia, a perfuração sem  controle de poços transformou a área em um grande paliteiro e a extração descontrolada para a finalidade de irrigação  tem levado  ao  rebaixamento dos lençóis subterrâneos. Existem, ainda, impactos regionais  da extração de água subterrânea, com o acomodamento do solo sobre as áreas exploradas, que causa tremores de terra.

Grandes empresas mineradoras ou de agropecuária bombeiam muita água do subsolo para fazer suas atividades de extração de minério ou de produção agrícola. 

Seca subterrânea com o rebaixamento de lençóis.



Nos últimos anos cresceu exponencialmente a perfuração de poços artesianos profundos, para atender ao abastecimento urbano, aos loteamentos e condominios residenciais e também a atividades altamente consumidoras de água, como os pivôs centrais na agricultura irrigada. 

Os rios estão sumindo  em áreas de exploração descontrolada de águas subterrâneas diz estudo da USP.

 Além disso, a superexploração das águas subterrâneas tem levado ao aparecimento da seca subterrânea mencionada pelo médico e ambientalista Apolo Heringer Lisboa, quando os aquíferos não se repõem na velocidade com que são  explorados. 

O rebaixamento dos lençóis freáticos e o esgotamento de lençóis artesianos confinados significam um dilapidamento da riqueza, num processo temerário e com visão imediatista. Esse tipo de exploração é semelhante a sacar recursos de uma poupança e eventualmente entrar no cheque especial hídrico ou  matar a galinha dos ovos de ouro.

Uma fábrica de refrigerantes se instalou numa região em que havia abundância de fontes aproveitadas por pequenos agricultores. Com a extração das águas subterrâneas, as nascentes secaram devido ao rebaixamento dos lençóis freáticos. Os chacareiros passaram a ser abastecidos por caminhões pipa fornecidos pela empresa que exauriu os poços para o seu uso. ver https://outraspalavras.net/outrasmidias/mg-como-a-coca-cola-secou-a-agua-de-800-familias/


Em Minas Gerais, o ciclo do ouro gerou riquezas em abundância durante algumas décadas, mas depois  se exauriu. Um ciclo similar pode estar acontecendo com as águas subterrâneas, extraídas para serem usadas nas atividades  econômicas  hidro-dependentes. No passado, minas de ouro; no presente, minas de água são as fontes da riqueza que, ao serem exploradas de modo temerário, podem ser insustentáveis e efêmeras. Elas têm sido extraídas com propósitos imediatistas, sem visão de médio e longo prazo, como se fossem um recurso infinito, às cegas, sem conhecimento sobre a real capacidade dos aquíferos para se sustentarem. A voracidade e a ganância do lucro imediato, assim como o descuido com as poluições, comprometem e prejudicam o seu  futuro.


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