quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

O FUTURO DA ÁGUA NA TERRA



A água no planeta Terra não terá grandes variações de sua quantidade ao longo do tempo. Pequenas quantidades podem vir a se somar caso um cometa ou um corpo celeste gelado choque com a Terra e deixe aqui  a água com que viaja pelo universo. No limite, o futuro da água na Terra é o mesmo do futuro do planeta, quando o Sol se transformar numa estrela gigante vermelha daqui a 4,5 bilhões de anos.

Num futuro mais próximo  de nós, mas ainda na escala dos ciclos longos e de uma visão macro dos problemas, haverá variações significativas nas quantidades  de água em estado sólido, líquido ou gasoso. Caso o planeta se esquente, haverá menos água em estado sólido, com o derretimento das geleiras e das calotas polares. Haverá mais água em estado líquido, especialmente nos oceanos, cujo nível se elevará. Haverá mais água em estado gasoso, proveniente da evaporação. Isso causará mais furacões e tempestades, calamidades, desastres e catástrofes. 

Estamos no final de um período interglacial de cerca de 12 mil anos, período em que floresceram muitas civilizações humanas. Caso venha uma nova era glacial, com o esfriamento global, essas proporções de água líquida, sólida ou gasosa se invertem e as consequências para a sobrevivência da espécie serão desafiadoras. 

Num futuro mais imediato, as secas e estiagens trazem escassez de água, com consequências para as atividades humanas. A demanda por água está aumentando devido ao crescimento populacional, urbanização, agricultura intensiva e outros usos. Muitas regiões já enfrentam escassez de água, e essa situação pode se agravar se não forem implementadas medidas eficazes de gestão e conservação.

Quando falta, ela se torna um fator que limita as possibilidades de sobrevivência e  de atividades econômicas. Hoje ela já falta para muitas pessoas no mundo e há projeções de que cerca da metade da população do planeta sofrerá com a falta de água própria para seu uso e consumo nas próximas décadas. Em muitas partes do mundo, a escassez de água está gerando tensões e conflitos, especialmente em áreas onde os recursos hídricos são limitados e disputados por diferentes setores da sociedade.

 A poluição proveniente de atividades industriais, agrícolas e urbanas compromete a qualidade da água. Substâncias químicas, resíduos, microplásticos e poluentes afetam a saúde dos ecossistemas aquáticos e a disponibilidade de água potável, exigindo esforços para reduzir e controlar a contaminação.

As mudanças climáticas estão alterando os padrões de precipitação, aumentando eventos extremos, derretendo geleiras e afetando os ecossistemas aquáticos. Isso pode levar a mais escassez de água, inundações, salinização e outros impactos negativos.

No futuro, água limpa e pura tende a se tornar mais cara. Ela não se encontra mais em quantidade no Brasil, como no tempo em que Pero Vaz de Caminha escreveu sua famosa carta ao rei de Portugal dizendo que as águas são muitas, infindas. 

 O futuro da disponibilidade de  água para uso humano  no planeta dependerá de ações tomadas em todos os níveis, desde políticas públicas até mudanças comportamentais individuais. A gestão eficiente, a conservação, a implementação de tecnologias de reaproveitamento e tratamento de água e a cooperação internacional serão fundamentais para garantir que a água continue disponível para uso humano e para os ecossistemas. As mudanças climáticas, o crescimento populacional e a poluição representam desafios consideráveis, mas uma abordagem integrada e sustentável pode ajudar a garantir um futuro mais seguro e estável para as águas do planeta.

A curto prazo, nos próximos 5 a 10 anos espera-se um aumento de secas e inundações. Pressões populacionais e urbanização aumentarão a demanda por água. A poluição de fontes de água, tanto por resíduos industriais quanto por esgoto doméstico não tratado, continuará sendo um desafio significativo. As tecnologias de tratamento, reciclagem e captação de água da chuva devem se tornar mais acessíveis e comuns.

A médio prazo, nos próximos 20 a 30 anos, a mudança climática terá impactos profundos na distribuição e disponibilidade de água. A escassez de água poderá intensificar tensões e conflitos entre nações que compartilham bacias hidrográficas transfronteiriças. A agricultura, que é responsável por uma grande parte do consumo de água, terá que se adaptar a métodos mais eficientes, como a irrigação por gotejamento e o uso de culturas resistentes à seca. 

A longo prazo, nos próximos 50 a 100 anos e além, caso as tendências atuais de consumo de água e poluição continuem sem mudanças significativas, é provável que uma grande parte da população mundial enfrente escassez de água. A dessalinização e as tecnologias de reuso de água podem se tornar mais comuns e viáveis economicamente. 

A gestão integral do ciclo da água, que envolve a combinação de gestão de águas superficiais, subterrâneas e atmosféricas, será crucial para otimizar o uso e reduzir o desperdício. 

A disponibilidade de água também estará atrelada à saúde dos ecossistemas. Regiões que enfrentam grave escassez de água poderão ter ecossistemas severamente degradados, o que poderá afetar a biodiversidade e os serviços ambientais essenciais para a sobrevivência humana.  Espera-se um aumento significativo na implementação de soluções baseadas na natureza, como a restauração de ecossistemas de zonas úmidas e florestas, que ajudam a regular o ciclo da água e a melhorar a recarga de aquíferos. A conscientização sobre a importância da água e as práticas sustentáveis de consumo provavelmente aumentarão com o tempo. Campanhas educativas e políticas de incentivo a tecnologias de baixo consumo e reciclagem poderão melhorar a eficiência no seu uso.

O futuro da água no planeta Terra é estável. Mas é incerto o futuro da água acessível aos terráqueos para proporcionar-lhes vida saudável e bem-estar, com baixo custo. Isso dependerá da sabedoria e da hidro consciência para se relacionar bem com ela, desenvolver a ciência para melhor compreendê-la,  protegê-la, preservar nascentes naturais, evitar desperdícios, desenvolver novas tecnologias para dessalinização e obtenção de água potável e gerenciar integralmente o seu ciclo. Dependerá, ainda, de ações que superem o imediatismo do lucro máximo aqui e agora, do autointeresse estreito e individualista. Ações que considerem o interesse coletivo e público que se sustente ao longo do tempo podem aumentar as chances de acesso à água de boa qualidade para todos.


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