quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

INSTRUMENTOS PARA A GESTÃO DAS ÁGUAS NA ATMOSFERA

 

Nuvens no céu

Descrição gerada automaticamente

Rios voadores sobre o vale do Paraopeba. Foto: Maurício Andrés


Em diversas culturas acreditou-se que as chuvas eram regidas por uma vontade superior.  Na cultura cristã, costuma-se dizer que vai chover se São Pedro quiser. Nas culturas indígenas, danças da chuva são realizadas para atrair a  água que vem da atmosfera.

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Tipos de nuvens.


Climatologistas e meteorologistas se especializaram nos estudos sobre a água na atmosfera. Novas profissões se fortalecem nesse campo, como as dos cientistas climáticos e dos dinamicistas climáticos.  

O conhecimento sobre esse tema se expressa por meio de um vocabulário que se populariza nos programas de previsão meteorológica na TV e no rádio, bem como na produção técnica e científica. Circulam palavras e termos como cavado, ZCIT-Zona de Convergência Intertropical, fronteira climática, troposfera, estratosfera, ciclone tropical, anticiclone, onda de calor, onda de frio, albedo, célula de Hadley, frente fria, frente quente, El Nino, La Nina, OMJ

Redes de monitoramento pluviométrico medem o quanto de chuva cai dos céus. É vital dispor de dados hidrometeorológicos para interpretá-los, analisá-los, conhecer em detalhes o que ocorre nos céus e tomar as medidas adequadas para reduzir os danos de desastres, lidar com as crises climáticas e sobreviver a seus poderosos impactos. 

No atendimento a emergências hídricas, as previsões e projeções meteorológicas e climatológicas são valiosas. Os modelos climáticos estão cada vez mais aperfeiçoados. Estudam-se as situações passadas e se fazem as previsões para os próximos dias, semanas ou meses, o que permite tomar decisões e gerenciar as águas por meio da operação dos reservatórios. 

 Para que seja eficaz, a gestão integral do ciclo precisa considerar a variabilidade climática natural e os impactos de atividades humanas no clima. 

Como as águas formam um ciclo interconectado, tudo o que afeta a água na atmosfera (como por exemplo as mudanças de temperatura) ou as que se encontram no estado sólido nas calotas polares e geleiras, repercute sobre a sua quantidade e distribuição, gerando consequências sociais e econômicas sobre o ser humano e suas atividades. 

Se os conhecimentos meteorológicos e climatológicos avançaram muito, ainda é incipiente a gestão das águas atmosféricas por meio  de geo engenharias e de interferências na produção de chuvas.   Há muitas sugestões propostas para interferir sobre o clima, mas algumas delas têm custos econômicos muito altos e outras suscitam temores de que possam provocar efeitos colaterais negativos. Uma importante solução baseada na natureza  para a gestão das águas na atmosfera é a proteção e a restauração das florestas que prestam um serviço valioso de bombeamento de água, com a  geração dos rios voadores e as chuvas. 

Algumas técnicas procuram não apenas conhecer a situação das águas na atmosfera, mas também interferir sobre elas. Tecnologias de bombeamento de nuvens com hidreto de prata procuram acelerar a condensação, fazendo chover. Tecnologias de redes para conter a pouca umidade do ar e condensá-la para ser usada, são adotadas nas regiões desérticas do Chile.

O ser humano seria como um aprendiz de feiticeiro que, ao tentar resolver um problema, pode desencadear outros mais sérios e graves.

Pesquisas que recenseiam as nuvens tais como o projeto Chuva, do INPE, permitem prever tempestades e simular impactos das crises climáticas.

O novo padrão climático turbulento e o ciclo hidrológico  alterado demandam o uso de  novos instrumentos em  situações de emergências, tais como a declaração de estado de escassez hídrica e o racionamento. 

Na escala local, a captação de água de chuva e seu armazenamento é um modo de usar as águas atmosféricas, coletadas em telhados e em superfícies impermeabilizadas.

Entramos numa fase turbulenta do clima no planeta, na qual a regularidade das estações é subvertida pelas ondas de calor, frentes frias e outros processos, que afetam a vida, a economia, as sociedades e a estabilidade política. Nessa turbulência, são necessários novos instrumentos  para a gestão das águas na atmosfera e perícia para aplicá-los de modo combinado com outros instrumentos.


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