quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

ÁGUAS NA ATMOSFERA E VARIAÇÕES DE TEMPERATURA


A água é um regulador térmico do planeta, pois é um elemento da natureza muito sensível e que responde diretamente a variações de temperatura. Quando a temperatura diminui ela se congela, quando o tempo esquenta ela se evapora. As proporções se alteram: com o aquecimento, há menos água sólida (degelo nas calotas polares, derretimento de geleiras); há mais água líquida (elevação do nível dos mares) e maior quantidade de vapor na atmosfera. Com tais variações de temperatura, algumas regiões sofrem secas, outras sofrem inundações. Há escassez e excesso. 

O ciclo da água se altera à medida que maior emissão de gases de efeito estufa transforma o ciclo do carbono e outros ciclos biogeoquímicos. 

A partir de 2007 quando foi lançado o 4.o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima - IPCC, que chamou a atenção do mundo para as crises climáticas, o tema ganhou nova dimensão. 

Como as mudanças no clima afetam a água e quais são os impactos dessas mudanças?

  • O aquecimento global pode estar sendo acelerado pela diminuição das coberturas de nuvens.

  • Elas diminuem a quantidade gelo do Ártico, na Groenlândia e nas geleiras que se derretem nas montanhas. 

  • Como o branco do gelo e da neve refletem os raios solares e reduzem o aquecimento, esse derretimento escurece o planeta e reduz o albedo, a reflexão para o espaço da luz e calor dos raios solares. Assim, o degelo provoca mais degelo. 

  • O derretimento do gelo nos pólos e na Groenlândia e o aumento do volume no Atlântico poderá alterar a corrente do Golfo, que leva calor para a Europa.

  • O derretimento das geleiras que alimentam rios da Ásia pode levar a enchentes e, posteriormente, à escassez para abastecimento na China, Índia, Nepal e Paquistão, levando a migrações e a conflitos.

  • O derretimento de gelo nos pólos e nas geleiras das montanhas reduz a quantidade e volume de água em estado sólido.

  • O aumento da temperatura e o degelo nas montanhas produzem estações de esqui sem neve e a insegurança no abastecimento em bacias como a do Rio Ganges, na Índia, alimentada pelo gelo do Himalaia; ou em Santiago, a capital chilena abastecida pelo degelo dos Andes. Nos primeiros anos do degelo, aumenta a vazão dos rios e enchentes; nos anos seguintes, há redução dessa vazão.

  • A emergência climática modifica a sua distribuição, com escassez, secas e desertificação nas áreas áridas e semiáridas da África, do Oriente Médio e da Europa meridional. Prevê-se a redução de oferta em regiões já carentes desse recurso. Ocorrerão novos riscos à saúde humana, com a disseminação de doenças tropicais.


  • O derretimento do gelo leva diretamente ao aumento do volume dos oceanos e, indiretamente, contribui para seu aquecimento, pois o calor do sol é absorvido pela água mais escura, ao invés de ser refletido pelo gelo mais claro de volta para o espaço.

  • O aquecimento dos oceanos aumenta a evaporação e leva maior quantidade de umidade para a atmosfera.

  • Aumenta a incidência de eventos críticos – enchentes e secas, por exemplo.

  • A regularidade das estações do ano é alterada, com impactos sobre a biodiversidade. 

  • Mosquitos migram para regiões mais altas, o que provoca a disseminação de doenças por eles transmitidas. 

  • O aumento no nível dos oceanos inunda terras baixas densamente ocupadas, as coloca em maior risco e produz refugiados ambientais.

  • O aumento da quantidade de vapor na atmosfera e da velocidade dos ventos devido a maiores diferenças de temperatura na água intensifica e aumenta a duração de tempestades, furacões e ciclones.

  • O aquecimento aumenta a porcentagem de precipitação anual na forma de chuva em vez de neve, de forma regionalmente diferenciada.

  • O aquecimento do solo faz evaporar parte da umidade nele contida e leva à aridez e à desertificação.

  • O aquecimento dos oceanos aumenta a morte dos recifes de corais, importantes para as espécies oceânicas.

  • Ao se aquecer, a água expande-se e aumenta o seu volume, provocando a dilatação térmica dos oceanos e elevação do nível dos mares, que muda a geografia do planeta ao inundar áreas costeiras. Isso coloca em risco e deslocará milhões de pessoas, especialmente nos deltas de rios e nas ilhas do Pacífico. Tuvalu é a primeira vítima desse processo, ao gerar refugiados ambientais que precisam ser reassentados em outras terras. 

  • Perdas de área agricultável e salinização de fontes afetarão países baixos como a Holanda e Bangladesh. 

  • Com a elevação dos níveis dos mares, a água salgada invadirá os lençóis de água doce; aumentará a cunha salina e a presença de águas salobras, o que prejudicará o abastecimento para as populações humanas nas zonas costeiras.

 



  • Cada atividade econômica sofre, em maior ou menor grau, os efeitos do agravamento das emergências climáticas em escala local, regional ou global: o turismo, lazer e recreação, pela incidência de fortes chuvas em balneários de verão; a agricultura sofre variações e quebras de safra. 

  • Produtos hortifrutigranjeiros têm seus preços elevados quando a estação de chuvas excessivas destrói os cultivos. 

  • A indústria do seguro sofre perdas crescentes devido às catástrofes que atingem maiores quantidades de pessoas, em mais áreas de risco.

  • Com as ilhas de calor sobre as cidades, as chuvas fortes tendem a ser mais frequentes e intensas. Chuvas equivalentes à média de um mês desabam em poucas horas. Atingem-se extremos de alta e baixa pluviosidade.


A água é uma substância da natureza que reage diretamente às variações de temperatura: dilata-se e se contrai, muda do estado líquido para o sólido ou gasoso. Ela está presente na superfície do planeta, no seu interior e na atmosfera.

Na atual emergência climática, é por meio da água que acontecem os eventos extremos de seca e de inundações. Estiagens e enchentes são consequências de sua falta ou excesso na atmosfera.  Essa presença na atmosfera é uma parte essencial do ciclo integral da água. Com o aumento da temperatura do planeta devido ao efeito estufa e a consequente evaporação, aumenta a quantidade de água na atmosfera. As chuvas tornam-se mais intensas e provocam temporais, furacões, ciclones tropicais, enchentes, inundações e deslizamentos de encostas. Tais eventos críticos vêm se tornando mais frequentes e intensos. No século XXI, regiões que não sofriam com esses desastres passaram a ser atingidas, como mostrou o ciclone tropical Catarina, ocorrido em 2004 no litoral do estado de Santa Catarina, entre outros eventos extremos.

Uma parte do ciclo das águas  existe na forma de vapor, nas nuvens, nos rios voadores. Apesar de corresponder a apenas 3% do volume total existente no planeta, a água na atmosfera é crucial para a sobrevivência humana e para desenvolver as atividades econômicas. As variações que ocorrem nesse pequeno volume afetam o clima e  geram eventos com profundas consequências. Essa parcela das águas  é pequena quantitativamente, mas influencia crescentemente a vida, a economia, os desastres que impactam as populações vulneráveis, os ribeirinhos, os pescadores, o transporte hidroviário, a geração de energia hidrelétrica  e todos os  campos da sociedade e setores da economia.  Vendavais associados a tempestades derrubaram árvores nas cidades; incêndios florestais se propagam no clima seco e quente;  turbulências atingem e colocam em risco as aeronaves em voo. Inúmeros e variados  fenômenos críticos e extremos se tornam mais frequentes.

Seca e estiagem inflamam os incêndios florestais


É crescente o conhecimento sobre a atmosfera, seu teor de umidade e o vapor nela existente, sobre evaporação. As informações sobre a previsão do tempo e do clima têm sido usadas especialmente nas emergências hídricas, como sinais de alerta, luzes amarelas que se acendem para avisar o que está por vir.

O conhecimento sobre o organismo da Terra e os ciclos biogeoquímicos  permite compreender como o que ocorre numa parte do globo afeta as demais. Assim, por exemplo, o fenômeno El Nino, que traz o aquecimento do oceano Pacífico, influi diretamente sobre a distribuição de chuvas na América do Sul, agrava secas no nordeste brasileiro e provoca inundações no sul do país.


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