Há vários métodos de mediação e resolução de conflitos. Há os métodos autoritários, pelos quais se impõe uma solução pela força, prejudicando uma parte em benefício de outras que tenham maior poder político ou econômico.
Quando se tornam escassas, as águas são motivos de disputas e rivalidades. Se não existem modos civilizados para solucioná-los, esses conflitos acabam sendo resolvidos pela violência ou pela imposição do Estado. Um coronel do interior contratava jagunços armados que expulsavam de suas terras proprietários rurais que os incomodavam. Pela força, eles se apropriaram da água para seu uso. Tais métodos pouco civilizados têm perdido aceitação e outros métodos menos violentos têm passado a ser usados para resolver disputas.
Alguns tipos de métodos de gestão:
Métodos autoritários
Métodos truculentos, pela força
Métodos pactuados e associativos
Métodos participativos e descentralizados
Em um contexto democrático, é desejável que as disputas sejam resolvidas de forma diplomática, negociada, cooperativa, não violenta e pacífica. A negociação pelo acesso à água é um exercício político, compartilhando um bem que se torna cada dia mais valioso, por não ter substitutos.
A gestão pacífica de conflitos pelo uso da água requer métodos, técnicas e instrumentos que promovam diálogo, cooperação e soluções sustentáveis. Essas abordagens buscam prevenir a escalada das tensões, mediar disputas existentes e propor soluções que atendam às necessidades de todos os envolvidos.
Devido ao aumento de tensões, há necessidade de conhecimento para a participação e a tomada de decisões. Torna-se necessária a resolução não violenta de conflitos, controvérsias e polêmicas, a mediação de conflitos, a gestão participativa em colegiados que promovam a alocação socialmente validada de água.
A chave para prevenir e resolver conflitos pela água de forma pacífica é a integração entre planejamento preventivo para evitar disputas, a mediação eficaz quando tensões surgirem e instrumentos regulatórios e tecnológicos para garantir o cumprimento de acordos. Essa abordagem integrada promove o equilíbrio entre os interesses dos diversos atores, priorizando o bem-estar coletivo.
Para mediar disputas, evitar conflitos destrutivos e promover uma gestão que reconheça a água como elemento vital, conectando atores em torno de valores comuns, propõem-se estratégias para transformar relações conflitivas em relações colaborativas. Por meio de educação e da conscientização, promove-se uma visão ética e espiritual da água como bem comum; o diálogo e a mediação, facilitando conversas entre partes em conflito para construir soluções compartilhadas; a governança sustentável, integrando diferentes atores em processos decisórios inclusivos e transparentes; o incentivo ao uso de tecnologias para a conservação e reaproveitamento da água.
Um dos modos mais eficazes de prevenção de conflitos é por meio do compartilhamento de informações e da comunicação, da construção de confiança mútua entre usuários. Esse compartilhamento de informações facilita a alocação pactuada da água. Dessa forma, são relevantes, além dos dados e das informações técnicas para a tomada de decisão, o compartilhamento dos conhecimentos sobre a cultura e a história do uso da água. O papel da consciência, da cultura e da educação é estratégico para reduzir os riscos de conflitos violentos. A cultura é a base para a comunicação, para o diálogo e a cooperação. A promoção da hidroconsciência é fundamental para criar uma base cultural, ética e espiritual que cuide bem da água e previna a eclosão de conflitos sociohídricos. Para reduzir os riscos de que as disputas sejam resolvidas por meio da violência, é vital desenvolver modos de cooperação. É relevante construir uma cultura de paz em torno da água.
Há métodos cooperativos para o compartilhamento das águas, pelos quais a sua alocação é realizada com a colaboração de todos os usuários e interessados. Há métodos participativos, que envolvem todas as partes, devidamente informadas, em colegiados. Entre os métodos participativos estão as Audiências e consultas públicas, as Salas de Crise ; a Reunião Pública de Alocação de Água; Grupos Técnicos de Acompanhamento.
Existem várias experiências bem-sucedidas de gestão de usos múltiplos, com a prevenção ou a solução de conflitos por meio do uso correto do conhecimento técnico e científico. Tais experiências mostram como os conhecimentos da engenharia são fundamentais para equacionar problemas de repartição e alocação negociada.
Encontrar denominadores comuns entre os vários interessados e promover pactuações negociadas é um modo de reduzir os sofrimentos e danos causados por tais conflitos. Essa construção coletiva de pactos já existe no Brasil com bons resultados. Procedimentos coletivos, tais como audiências públicas para promover o planejamento do uso em bacias hidrográficas críticas, também ajudam a resolver uma distribuição justa para os diversos desejos e fins.
Exercícios de simulação de conflitos podem capacitar as pessoas a atuarem na mediação de conflitos sociohídricos. A produção, organização e disseminação de informações confiáveis sobre sua disponibilidade podem criar uma consciência coletiva sobre o tema. A partir do nivelamento de informações com linguagem comunicativa, pode-se promover o diálogo e o entendimento e desenvolver dinâmicas para planejar e distribuir de modo justo a água disponível.
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