A gestão integrada de águas superficiais e subterrâneas apresenta desafios que requerem a colaboração entre diferentes atores e a implementação de práticas que levem em consideração as particularidades de cada situação.
Para que venha a ser praticado o gerenciamento integrado das águas superficiais com as subterrâneas é preciso superar déficits de dados, informações e conhecimentos, de compreensão do tema, de capacidade de diálogo, de disposição para realizar trabalho colaborativo em rede e resolver dificuldades técnicas.
Entre as dificuldades para o gerenciamento integrado de águas superficiais e subterrâneas destacam-se:
Falta de informação: muitas vezes, não há dados suficientes sobre a quantidade e qualidade das águas superficiais e subterrâneas, o que dificulta a elaboração de planos de gestão e a tomada de decisões. Dificuldades técnicas: a gestão integrada de águas superficiais e subterrâneas requer a implementação de tecnologias e práticas adequadas, como a perfuração de poços, a instalação de sistemas de monitoramento e a realização de estudos hidrogeológicos. A falta de recursos financeiros e técnicos pode dificultar a implementação dessas ações. Em muitas regiões, a infraestrutura para o monitoramento eficaz de águas subterrâneas é inadequada.
A intercomunicação das águas superficiais com as subterrâneas ainda é pouco mapeada no Brasil.
Figura: Relações entre águas superficiais e subterrâneas.
Conflitos de uso: as águas superficiais e subterrâneas são frequentemente utilizadas para diferentes finalidades, como abastecimento de água potável, irrigação, geração de energia, entre outras. A gestão integrada deve levar em conta esses diferentes usos e buscar soluções que atendam às necessidades de todos os usuários. Áreas urbanas, atividades agrícolas e industriais frequentemente competem pelo uso de água, o que pode gerar conflitos. A gestão integrada precisa equilibrar esses interesses. Em regiões onde há excesso de uso de águas subterrâneas para irrigação, a gestão integrada deve equilibrar a demanda sem comprometer a qualidade e a quantidade de água a longo prazo.
Falta de coordenação institucional: a gestão integrada envolve a coordenação de diferentes instituições e setores, como governos municipais, estaduais e federal, organizações da sociedade civil, empresas, entre outros. A falta de cooperação entre esses atores pode dificultar a implementação de políticas e ações efetivas. A gestão envolve múltiplas jurisdições e níveis de governo, o que pode levar a conflitos de competência e à falta de uma abordagem unificada.
A cooperação institucional é necessária para superar a defasagem desse modo integrado de se gerir a água. Ambas as esferas, estadual e federal, precisam trabalhar de modo integrado. Essa integração é um projeto de longo prazo que se alcança passo a passo, com trabalho e determinação, tijolo por tijolo, gota a gota.
Mudanças climáticas e variabilidade hidrológica: secas prolongadas, inundações e outros eventos climáticos podem tornar mais complexa a gestão integrada, exigindo abordagens adaptativas que respondam às mudanças rápidas nas condições hidrológicas. As mudanças climáticas podem afetar os níveis de recarga, impactando a disponibilidade de água subterrânea.
Limitações econômicas e de financiamento: a implementação de uma gestão integrada eficaz exige investimentos significativos em infraestrutura, monitoramento, pesquisa e formação de capacidades.
Desafios socioculturais e de participação: a falta de envolvimento das comunidades locais nas decisões de gestão integrada de águas superficiais e subterrâneas pode levar a uma resistência às políticas adotadas. A gestão integrada requer a conscientização e o envolvimento da população sobre a importância da conservação da água e do seu uso sustentável.
A gestão integrada de águas superficiais e subterrâneas é essencial para enfrentar crescentes desafios relacionados à escassez de água e às mudanças climáticas. A integração pode ser alcançada com planejamento adequado, cooperação entre diferentes atores, uso de tecnologia para monitoramento e investimentos em educação e conscientização. Para superar os desafios, é necessário o compromisso político, a coordenação entre diferentes níveis de governo e a implementação de mecanismos eficazes de gestão compartilhada.
Integrar a gestão de águas superficiais e subterrâneas é um passo relevante para se alcançar no futuro, uma gestão integral do ciclo da água, que considere ainda as águas atmosféricas.
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